É engraçado pensar que tudo dá certo, inclusive as coisas ruins. É aquele engraçado de trágico, claro. Digo isso pensando no sistema capitalista e a narrativa que ele consolidou no consciente e inconsciente das pessoas, o que ele informa e o que ele não informa, tudo no final das contas para esse sistema deu certo, inclusive o fato das pessoas não verem saida dele - o maioral dos maiorais.

Ultimamente, como sempre em toda a minha, a sua, a nossa vida temos que conviver com pessoas que não escolhemos porque as pessoas que escolhemos estar próximos também escolhem outras pessoas e assim o mundo gira, as convivências acontecem.
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Observação: Isso me incomoda desde criança na verdade, conviver em ambientes abertos tudo bem até mas dentro de casa sempre me incomodou muito e é uma coisa que penso mais do que gostaria, tipo aAaAaAa isso daria um texto enorme sobre vulnerabilidade, crianças e o último albúm da ebony.
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Com essas convivências sempre acontece aquela troca de assuntos que irei nomear como assuntos bases - são aqueles assuntos que vem carregados de contextos e valores que nos formaram enquanto individuos pensantes, talvez em resumo uma cultura individual - que calibra nossa balança de percepção do mundo, justiças e injustiças. Enfim, me peguei convivendo com uma pessoa (que vou julgar como sem base, na verdade quem julgou foi a mãe de uma amiga minha e eu só concordei) que a percepção de mundo é bem diferente da minha e até ai tudo certo, para mim dentro de uma troca de ideias existe justamente esse espaço da TROCA e com esse divo não existe, parece um debate e isso está sendo o meu império romano.

Em um primeiro contato não acreditei na forma de pensar e isso me deixou bem exausta com muita ênfase fiquei realmente bem exausta, tem coisas que são super compreensíveis de entender sobre outras pessoas mas tem outras que simplesmente não. E isso me fez pensar sobre como a não convivência com pessoas diferentes de você na adolescência faz uma falta enorme para nutrir essa cultura individual na vida adulta, uma vez que grande parte do que sou, o que acredito e o que odeio veio de pessoas e ideias que fui apresentada na escola, no circulo de amigos e até mesmo no circulo familiar, e nesse último aprendi o que odeio e não foi necessariamente com a minha família, foi com a dos outros.

Bom, minha semana inteira desde sábado foi pensando sobre como essa pessoa pensa e como o capitalismo deu certo por isso, porque tudo é político, tudo atualmente é ato político e isso me deixa perplexa. E é nesse ponto que o capitalismo deu certo, a partir do momento que você não entende (e não quer entender) as opressões desse sistema, o contexto que ele nasce, para quem é esse sistema e como ele impacta na sua posição atual isso me deixa complexada! Na verdade não é a forma de pensar que me deixa perplexa é falta do estudo da estrutura, uma vez que você solta uma opinião sobre futebol feminino e não busca entender o contexto do futebol feminino e as opressões condicionadas ao ser mulher me incomoda muito, não consigo elaborar grandes coisas porque tudo isso ainda é uma grande indigestão.

Entendo talvez seja normal pensar assim e que no mundo existem diversas outras pessoas que pensam assim mas quando você é apresentado a alternativas para expandir seu horizonte e você escolhe clicar na mesma teclinha limitada de sempre, meu deus, é isso o grande ponto da indigestão enfim me considero uma pessoa que tem tanto a aprender e quero aprender muito, quando estou em contato com pessoas que considero super cabeção, sinto vontade de sugar todo o conhecimento para simplesmente conhecer mesmo e poder olhar para o mundo com outros olhos e talvez a indigestão seja sobre mim e não sobre o outro :).

Só concluindo, tudo isso veio da mensagem inicial da música das Irmãs de Pau - Passaporte y copão, no qual elas introduzem muita coisa que pensei em escrever hoje mas vou me limitar ao "não se limite, viaje sempre que possível, viajar tem o poder de ampliar nosso conhecimento sobre o mundão"