
Estou fazendo uma disciplina na faculdade chamada Arte e Escritura e nela debatemos bastante sobre uma escrita visceral e estou amando muito ela, me trouxe aquela experiência de sentir os horizontes se expandindo e me pego pensando como vivi 22 anos pensando daquela forma? Ainda bem que mudamos! Ainda bem que nada é constante! Viva o eterno devir! Ainda bem que foi próximo ao meu aniversário, o que significa que vou ter mais 1 ano (não garantido vai que eu morro - mas eu sei que não vou morrer hehe) com o horizonte cada vez mais expandido.
Nas leituras dessa disciplina, conheci a Gloria Anzaldúa, uma escritora latina que vive nos EUA, e que mulher!!! Ela conversa diretamente com nós, mulheres do terceiro mundo não brancas que tem produções - sejam elas quais forem teóricas ou práticas - e eu amo o fato dela reforçar isso em cada páragrafo e trazer sobre como o feminismo de mulheres brancas só fortalecem elas mesmas (com todo o respeito mas de um tempo para cá tomei uma certa aversão a isso, apesar de ser mulher por 22 anos e entender muito sobre todas as opressões que vivi e vivo até hoje - mas cada um com seu cada qual).
Enfim, mas e ai Ihasmim? Então, em diversos momentos dessa leitura parei para chorar de tão viseral que a Glória foi, em um momento dessa carta ela menciona "Como é difícil para nós pensar que podemos escolher tornar-nos escritoras, muito mais sentir e acreditar que podemos! O que temos para contribuir, para dar? Nossas próprias expectativas nos condicionam."
Ênfase no "O que temos para contribuir, para dar? Nossas próprias expectativas nos condicionam."
Isso me fez refletir sobre TUDO, até meus 17 anos eu vivi sem muita visão a longo prazo, digo isso porque só enxergava a vida até o momento em que meu nome saisse na lista de aprovados do pism para a UFJF e ponto, o que vem depois disso? Vamos descobrir! Obviamente eu tinha outros planos, outros projetos e executei eles mas esse processo de não enxergar além desse ponto me fez perder o brilho, aquele gás que movimenta a vida. Minha psicológa antiga sempre falava sobre como eu sou uma pessoa que tem um plano e sempre outros planos alternativos no caso de precisar e ela apreciava muito isso, mas na minha perspectiva isso não é nada além da preparação para algo com diversas possibilidades, enfim foi algo que aprendi a dar valor sobre minha pessoa, já que ela falava sempre sobre isso.
Enfim, isso me fez cair em um limbo terrível, e por muito tempo - dos 18 anos até o inicio dos 21 anos - comecei a sentir uma desorientação muito grande na minha vida sobre objetivos e metas, como se vivesse sabendo que as coisas iam acontecer porque eu faria elas acontecer mas ter medo de tudo, medo de mim, medo de fracassar, medo de me expor e para completar ficava muito triste que meu amigo morreu, e EU que tinha uma vida não sabia o que fazer com ela, ou seja, queria trocar de lugar com ele. Olhando esse processo, percebo o quanto o terreiro me ajudou, ver minha potência e enxergar que tudo ia ficar bem no seu tempo, no seu processo e prontamente entendi mas ser humano é foda, várias emoções e uma cabeça pensante.
Enfim, por muito tempo não me via na faculdade de Artes apesar de gostar muito, me sentia fora d'água e ainda mais, uma farsa, mas quando li que nossas próprias expectativas nos condicionam me ligue sobre tudo, mano entrei na faculdade com 17 anos, em uma pandemia, perdi a virada da adolescencia para vida adulta, obvio que estaria descaralhada né porra.
Fazer 22 anos, é pensar que como o tempo é bom, porque comemorar meu aniversário sempre foi algo desanimador, claro sou muito grata a minha vida, minha mãe, meu amor e meus amigos, por eu ser eu, por meu orí e por tudo o que construimos e vamos construir mas a questão é começar os 22 anos enxergando e racionalizando tudo que passei nos últimos 5 anos é muito bom, porque agora sinto que estou no meu eixo, já entendia muita coisa mas olhando de fora entendo muito mais.
Na verdade, quase considero isso um super poder ancestral pois em todos esses percausos sempre teve alguém, só não se apresentou ainda para mim kkkkk espero conhecer em breve, uma voz conversando comigo que TUDO IA DAR CERTO, que eu podia viver aquilo tudo mas com calma no coração que era questão de tempo e questão de me livrar das minhas expectativas ruins que estavam me condicionando e meu deus, acho que nada mais libertador do que o processo de se encontrar e acreditar no seu potencial.
Bem-vindo 22 anos, que esse novo ciclo seja repleto de axé, movimento, concretização, amor próprio e coletividade, mais um ano para poder conquistar o mundo!!!!!!!!! E por mais leituras que abram meu horizonte.