Tem todo o estigma dos 27 anos né?! Acho que é quando você de fato vê que a adolescência passou a alguns bons anos e não tem mais pra onde correr a não ser pra frente... Meus pais nunca exigiram nada além de trabalho e respeito de mim e dos meus irmãos, trabalho porque há de se pagar suas próprias contas e respeito pra viver bem e feliz. Tive uma infância boa, feliz, longe dos males do mundo até onde dava, brinquei muito na rua, arranquei muita tampa dos dedões dos pés, ralei muito meus joelhos, tive alguns amigos que foram bons e outros ruins mas que me fizeram entender algumas coisa necessárias. Minha adolescencia foi conturbada, não gostava de estudar, passei quase toda ela em combate com minha família, brigava com Deus e o mundo e achava que tinha razão.
Lembro que aos 16, me enfiei no budismo que minha amiga Vitória frequentava e eu, de família crente (da bunda quente), me vi redescobrindo o mundo e novas formas de viver e amar. Me vi ficando mais doce e mais amável, sem tanto ódio e querendo fazer as pazes com o mundo, esse foi um marco importante pra uma garota que já quase foi levada pela depressão.
Acho que a pandemia me tirou bons anos e eu ainda sinto que sou mais nova do que meus anos me dizem, apesar de que a ideia de ser velha vai muito da nossa cabeça...
E também velha pra quem né? Essa ideia de ter toda uma vida pela frente e ainda sim sentir que viveu muito é meio auto sabotagem, eu não sei de quase nada do mundo ainda, não vivi nem 1/3 das coisas que quero viver e to aqui falando que tô velha?????????
Graças a Deus (e a mim), esses 27 me trouxeram várias coisas maneiras que me fazem enxergar que o caminho é bom e vale a pena, tenho amigos com quem posso ser eu mesma e abraçam meu jeito, mesmo que as vezes ele seja feio, entendo minha família, meu pai, minha mãe e meu irmão e o porque de todas essas relações serem meio estranhas, tenho criado uma carreira que posso chamar de minha e me ver nela por alguns bons anos... Aprendi muito sobre amor e sobre a dor que ele traz mas ainda sinto que dele sei pouquíssimo, quase nada.
E assim eu pretendo levar a vida, que ainda é muito grande, tentando não machucar o outro e não deixando que me machuquem também, me respeitando e entendendo meu valor e jornada aqui nessa Terra e tirando o máximo de proveito do que ela tem pra me oferecer...
Salve a Malandragem!
Com muito amor,
Naluisa